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Entrevista

Clube CHAPAS sonha com museu

17/03/2015

​Com um espólio variado de mais de três mil peças, o Clube História e Acervo Português da Atividade Seguradora é o fiel depositário da memória de trabalhadores e empresas do setor. Vítor Alegria, da direção, recorda como nasceu a associação e revela projetos futuros

 

Patrícia Caixinha

 

Febase – O que é o Clube CHAPAS?
Vítor Alegria – O Clube História e Acervo Português da Atividade Seguradora, abreviadamente designado por Clube CHAPAS, é uma associação sem fins lucrativos fundada por duas mãos cheias de profissionais de seguros, em 3 de março de 2011, e cuja missão é receber, cuidar e divulgar a memória material e imaterial da indústria seguradora.

 

P – Como surge a ideia do Clube?
R – Em 2009 foi publicado o livro "CHAPAS – Heráldica das Seguradoras" cujo protótipo inicial visava, unicamente, dar visibilidade à coleção das chapas de seguro de incêndio (e de automóvel) detida pelo STAS – Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Seguradora. Entretanto, os autores e fotógrafo desta publicação, todos eles profissionais de seguros, conhecendo a existência de outras coleções de particulares nacionais repensaram o modelo inicial e ampliaram o número de páginas e complementaram com referências históricas das entidades seguradoras.
Mas durante o processo de pesquisa e planificação do livro foram realizados contactos com profissionais de seguros no ativo e outros mais seniores, os quais prestaram informações inestimáveis, mas também lembraram a necessidade de materializar a ideia antiga: um Museu da atividade seguradora.
Foram muitos os Colegas que, conscientes do desinteresse por parte dos seus familiares diretos em guardar "aquela apólice" da sua seguradora, a fotografia, a tarifa com que simulou tantos prémios, o alfinete de lapela dos 25 anos ou a medalha com o símbolo da sua seguradora, entre muitos outros géneros… pediram a criação de associação sem fins lucrativos que de forma condigna e duradoura tratem deste tipo de acervo.
Bastou juntar dez Colegas com gosto pela sua profissão, convicta paixão pelo tema, afirmativo espírito dinâmico e foi possível concretizar a aspiração de milhares de profissionais de várias gerações: constituir a associação sem fins lucrativos – Clube História e Acervo Português da Actividade Seguradora.

 

Apoio de todos

 

P – Que recetividade tem encontrado por parte das entidades ligadas à indústria seguradora e por parte dos trabalhadores de seguros?
R – Desde a realização do primeiro evento que, além do inequívoco e inestimável apoio dos profissionais de seguros, houve uma acreditação do projeto junto das várias entidades da indústria seguradora, e não só.
O Instituto de Seguros de Portugal (ISP), atualmente Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), fez-se representar na maioria dos eventos realizados em Lisboa pelo seu presidente, o Prof. Dr. José Almaça, confirmando a importância do papel do Clube CHAPAS no contexto do mercado segurador.
A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) foi anfitriã, no seu auditório, nas comemorações do primeiro aniversário do Clube CHAPAS, consagrando o apoio do Dr. Pedro Seixas Vale. Durante o mês de setembro do ano passado a APS e a Companhia de Seguros Tranquilidade apoiaram a exposição "Hoje seriam 80 anos – Grémio dos Seguradores", realizado Espaço Arte Tranquilidade.
Os seguradores Fidelidade, Groupama e Lusitania foram entidades que acolheram exposições temáticas nas suas sedes. Outra das iniciativas tem sido a participação do Clube CHAPAS em eventos realizados pelos Grupos desportivos e culturais das Seguradoras, nomeadamente do GDC da Fidelidade e do CCD da Tranquilidade.
O Clube CHAPAS realizou, ainda, uma exposição no edifício sede da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, onde criou a ponte entre os "seguros e a banca".

Pelo tradicional uso, entre os anos 20 e 60 do século passado, das chapas de seguro automóvel fixadas ao para-choques ou à grelha do radiador das viaturas, tal facto foi mote para uma exposição conjunta do Clube CHAPAS com a Santogal Automóveis SA.
Para maior notoriedade e conhecimento de outras experiências, nestes poucos anos de existência a direção do Clube tem vindo a estabelecer contactos com entidades homólogas estrangeiras, nomeadamente
na Alemanha, EUA, Inglaterra e Itália.
Vários têm sidos os colegas, com formação em História e em outras áreas do conhecimento, que têm ajudado na catalogação do acervo e se disponibilizam para colaborarem na organização do
Museu da Atividade Seguradora by Clube CHAPAS, que queremos alcançar.

 

Acervo importante

 

P – Qual a dimensão e importância do acervo que o Clube CHAPAS possui neste momento?
R – O acervo ultrapassa já as 3000 unidades, entre documentos em papel antigo, fotografia, livros, material publicitário (desde o reclamo luminoso exterior até à simples esferográfica), carimbos, selos branco e de lacre, chapas de seguros de incêndio e de automóvel, medalhas, troféus, alfinetes de lapela, tarifas, manuais de formação e tantos outros. Quanto à importância do acervo temos de referir que estamos em presença de um potencial de informação e estudo para várias áreas e gerações. Por último, sublinho que todo o património foi ofertado por profissionais de seguros e pelos familiares daqueles que já não estão entre nós.

 

P – Quais as principais dificuldades com que o Clube CHAPAS se tem deparado?
R – A direção do Clube CHAPAS está consciente que a associação sem fins lucrativos "nasceu" numa época económica e financeiramente menos favorável.
Os programas de financiamento de projetos a concurso e os de responsabilidade social dos Seguradores foram redefinidos, alguns suspensos, o que acarretou menor acessibilidade a meios financeiros e não financeiros para levar por diante os objetivos do Clube, prejudicando a cooperação mais célere connosco.

 

Espaço ambicionado

 

P – Projetos ou objetivos futuros do Clube CHAPAS?
R – Conforme já deixei perceber, o objetivo primeiro do Clube CHAPAS é continuar a recolher documentos e objetos que ilustram a história dos seguros, cuidar e dá-lo a conhecer. Contudo, noutro objetivo é ambicionada a obtenção de um espaço para o Museu, de forma desonerada, condigna e duradoura. Este espaço museológico deverá ter capacidade para três áreas: a museológica, a bibliotecária e um auditório para atrair um público-alvo, a partir dos seis anos (escolas ou acompanhadas por pais), estudantes (nacionais e estrangeiros) em trabalhos de investigação, colegas e seus familiares, bem como colecionistas e todo o restante público que se consiga alcançar.
Outro dos objetivos estratégicos é a aquisição de um programa Software do tipo: "Sistema Integrado de Gestão de Acervo do museu e biblioteca" que permita a sua catalogação, parametrização e consulta virtual sobre todo o acervo doado ao Clube CHAPAS.
É na dinamização do espaço do Museu que estão sediados os projetos. E temos muitas ideias, desde ações para estímulo de competências para crianças de ensino especial, descobrir peças no Museu (sem limite de idade), criação de histórias de banda desenhada, repórter por um dia, promover conferências e workshops temáticos, incentivar trabalhos de pesquisa de seguros (e banca), assim como o lançamento de publicações no seu espaço multiusos.
E muitas outras ideias colhidas pela experiência, memória e imaginação, que inovem e dinamizem o Museu.

 

P – Que papel pode ter a Febase nesses projetos ou objetivos futuros?
R – A Febase pode trazer mais-valias ao Clube CHAPAS, desde logo na sua divulgação junto dos profissionais de seguros, mas também dos bancários.
Nas últimas décadas, banca e seguros têm partilhado sinergias, logo terão memórias partilhadas e, quem sabe, inspirar a criação de um Museu da Atividade Bancária.
A Febase e o Clube CHAPAS poderão num futuro próximo desenvolver em parceria atividades de âmbito cultural.

 

Onde ver o espólio

Até à concretização do espaço físico do Museu da Atividade Seguradora by Clube CHAPAS, têm sido realizadas exposições temáticas e comemorativas.
Ao nível do espaço virtual, o Clube está no facebook com a página "chapas clube chapas", onde diariamente são colocadas fotos do espólio. O site www.clubechapas.pt é outro meio de informação.
E na sede do STAS estão expostas algumas das peças do acervo.