Em vésperas de apresentar resultados históricos, BCP propõe aumentos salariais de 2,125% aos trabalhadores. MAIS, SBC e SBN ficaram estupefactos – e obviamente rejeitaram liminarmente a proposta.
Mais um banco cuja administração não reconhece o empenho e o esforço dos seus trabalhadores. No mesmo dia em que uma agência de notação prevê para o BCP lucros entre 800 e 900 milhões de euros em 2023 – um resultado considerado histórico –, a instituição liderada por Miguel Maya propõe aos Sindicatos da UGT um aumento de 2,125% nas tabelas e cláusulas de expressão pecuniária, com exceção do subsídio de refeição, que seria de 13,50€.
A proposta do banco, que se não fosse tão indignamente miserável faria rir, foi apresentada na reunião de negociação de 23 de fevereiro, em resposta à revindicação de 6% de aumento para 2024. A primeira reação dos Sindicatos foi de estupefação… que chegou quase à vontade de chorar.
Face às notícias vindas a público recentemente não era de todo expetável que a resposta do BCP fosse esta. Nesse dia, mesmo antes da reunião se iniciar, a comunicação social veiculava os excelentes resultados esperados para o banco.
Falta de memória
MAIS, SBC e SBN não podiam deixar de repudiar a proposta do BCP, não só em função dos resultados atingidos, mas, e fundamentalmente, porque o banco parece ter esquecido que em tempos extremamente difíceis foram os seus trabalhadores leais e empenhados que “salvaram o banco”, quando em 2014 foi necessário cortar salários para garantir postos de trabalho.
Desde esses tempos dramáticos que os trabalhadores têm ouvido os responsáveis do BCP dizer que seriam os primeiros a ser recompensados pelo esforço e dedicação … é com esta proposta de aumentos que o fazem??? É com aumentos mensais de 20 ou 30 euros que reconhecem anos de sacrifícios???
Os Sindicatos compreendem a necessidade de partilha de lucros pelos acionistas, mas essa partilha deve ser feita também com os seus trabalhadores.
A negociação exige boa-fé e uma proposta desta natureza está longe desse princípio. É desonrosa para quem a faz e indigna para quem a recebe. Os trabalhadores merecem respeito e têm direito a aumentos salariais justos, que reponham o seu poder de compra e recompense o seu profissionalismo.
Não obstante, é convicção destes Sindicatos que nos próximos dias o BCP reveja a sua posição e apresente uma proposta justa, que reflita a partilha dos lucros com aqueles que os possibilitaram com o seu trabalho diário.